Ribeirinhos dizem que peixes estão desaparecendo do rio Madeira por conta da construção das usinas - 10/09/2009
Fonte: Rondoniaovivo.com
http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=327207
Membros da comunidade ribeirinha que vivem as margens do rio Madeira, entre as construções das Usinas de Santo Antônio e Jirau, em contato com a reportagem do Rondoniaovivo.com disseram que peixes tradicionais do rio Madeira, como Mandi, Pacu e Bico de Pato estão desaparecendo e prejudicando o modo de vida daquela comunidade.
O pescador Álvaro Pires Pinto, que não quis ter sua imagem divulgada, com medo de represálias, informou aos repórteres do Rondoniaovivo.com que pesca há muito tempo nas proximidades da antiga cachoeira de Santo Antônio e percebeu a mudança radical que tomou conta do habitat natural da localidade com a escassez de pescado.
“Quando não tinha essa construção das usinas muitos pescadores conseguiam bastante peixes e distribuíam para toda a comunidade daqui do ribeirinho. Hoje, nem na boca da noite, quando o tempo está mais tranqüilo para pesca, a gente não consegue nada. Afetou muito nossa vida, pois vivemos e comemos da pesca. Sem peixe, não sabemos o que fazer”, disse Álvaro.
Para os pescadores da beira do rio Madeira a degradação ambiental que pode resultar no desaparecimento de várias espécies de pescado está ligada as explosões e implosões que ocorrem nos canteiros de obras das usinas, o que acaba afetando o ecossistema.
“O engraçado é que no início deste mês de setembro, o Ministério da Pesca lançou uma campanha, incentivando o consumo de pescado na mesa do brasileiro, mas mal sabe o Ministério sobre a escassez de peixe no rio Madeira”, disse um morador tradicional de Porto Velho, o policial civil federal aposentado Luiz Gonzaga.
PROSTITUIÇÃO
Outros ribeirinhos e pescadores das localidades de Santo Antônio e Jirau, denunciaram um segundo problema, sendo este, sobre a violência e prostituição que vem ocorrendo em ambas as construções das usinas que está trazendo medo para as comunidades que viviam tranqüilas em meio a natureza.
“Ninguém fala nada e nem comenta, mas são coisas como essas que estão acontecendo por causa das construções. A prostituição toma conta em alguns pontos, pois criou-se um comércio de sexo para atender gente que trabalha nessas obras. Não tô falando nenhuma novidade, pode mandar as autoridades visitar as comunidades”, disse um morador, que pediu para não ser identificado.
MAPEAMENTO
Em contato com a Coordenadoria de Educação Ambiental do Estado de Rondônia, a reportagem foi informada que na quarta-feira (09) técnicos da Caerd (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia) e da SEDAM (Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia) realizaram uma reunião para discutir com os ribeirinhos sobre a pesca predatória. No entanto, na manhã desta quinta-feira (10) os Coordenadores de Educação Ambiental se reuniram com a comunidade do Bate-Estaca,onde pretendem fazer um levantamento ambiental na área e depois será elaborado um plano de ação para comunidade, com um mapeamento.
sexta-feira, 11 de setembro de 2009
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
OBRAS DO PAC PARALISADAS POR GREVE DE TRABALHADORES...
Pelo menos cinco mil trabalhadores das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Porto Velho (RO) entraram ontem (09) no segundo dia de greve geral com um reforço de mais 300 operários que trabalham na construção do Centro Político Administrativo de Rondônia, em obras do governo do Estado, da prefeitura e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.
Carpinteiros, pedreiros, ajudantes, ferreiros e eletricistas reivindicam aumento salarial de até 50% e melhores, condições de trabalho, transporte, alimentação, segurança e assistência em saúde e familiar. De acordo com os grevistas os salários estão defasados e as horas extras não estão sendo pagas, nem o salário-família.
A mobilização dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho ocorre praticamente desde o início do ano, mas o movimento grevista foi deflagrado na terça-feira (8). O movimento dos trabalhadores é articulado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) e tem o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RO).
“Eu vim de Belém, onde fui contratado, tivemos promessa de que nossos salários seriam aumentados com o tempo e que receberíamos o salário-família, mas até hoje nada”, disse o carpinteiro Jonas Lima, que trabalha para a Camargo Corrêa na construção da usina de Jirau.
Para cada dia de obra parada cada canteiro de obra acumula um prejuízo diário de R$ 500 mil. A paralisação em outras obras também estaria gerando um prejuízo de R$ 500 mil por dia, afirma o presidente do Sindicato da Construção Pesada do Estado de Rondônia (Sinicon), Renato Lima, que também representa as empresas construtoras das usinas nas negociações com os trabalhadores. O Sinicon entrou ontem com uma ação na Justiça para questionar a legalidade da greve e para validar o dissídio dos trabalhadores.
O prejuízo da greve pode chegar a R$ 6 milhões/dia, segundo o diretor da diretor da Eletrosul, Ronaldo Custódio, que pertence ao grupo Eletrobrás, empresa que participa do consórcio responsável pela usina de Jirau. Ele explica que esse prejuízo é dividido em duas partes, sendo R$ 1 milhão diário para manter a infraestrutura e os empregados no canteiro de obras, e R$ 5 milhões por dia que a energia deixará de ser vendida, quando a hidrelétrica começar a produzir.
Negociação
O presidente do Sticcero, Anderson Machado, aguarda uma resposta das empresas para uma primeira rodada de negociações e diz que o movimento segue por tempo indeterminado. “Os trabalhadores formaram uma comissão de abordagem em pontos estratégicos para convidar os colegas a aderirem ao movimento. A manifestação é pacífica e a adesão ao movimento grevista é satisfatória. Todas as atividades nos canteiros de obras estão paralisadas”, disse.
O presidente da CUT/RO, Itamar Ferreira, explica que a intenção do movimento grevista é conseguir igualar o piso salarial dos operários em Porto Velho aos valores praticados nos grandes Estados. “Não é só porque estamos na Amazônia e fora do eixo que temos que nos sujeitar aos baixos salários e condições precárias de trabalho”, disparou.
Está marcada para hoje uma reunião entre representantes do Sticero e uma Comissão de Intermediação do Ministério Público do Trabalho.
Carpinteiros, pedreiros, ajudantes, ferreiros e eletricistas reivindicam aumento salarial de até 50% e melhores, condições de trabalho, transporte, alimentação, segurança e assistência em saúde e familiar. De acordo com os grevistas os salários estão defasados e as horas extras não estão sendo pagas, nem o salário-família.
A mobilização dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho ocorre praticamente desde o início do ano, mas o movimento grevista foi deflagrado na terça-feira (8). O movimento dos trabalhadores é articulado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) e tem o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RO).
“Eu vim de Belém, onde fui contratado, tivemos promessa de que nossos salários seriam aumentados com o tempo e que receberíamos o salário-família, mas até hoje nada”, disse o carpinteiro Jonas Lima, que trabalha para a Camargo Corrêa na construção da usina de Jirau.
Para cada dia de obra parada cada canteiro de obra acumula um prejuízo diário de R$ 500 mil. A paralisação em outras obras também estaria gerando um prejuízo de R$ 500 mil por dia, afirma o presidente do Sindicato da Construção Pesada do Estado de Rondônia (Sinicon), Renato Lima, que também representa as empresas construtoras das usinas nas negociações com os trabalhadores. O Sinicon entrou ontem com uma ação na Justiça para questionar a legalidade da greve e para validar o dissídio dos trabalhadores.
O prejuízo da greve pode chegar a R$ 6 milhões/dia, segundo o diretor da diretor da Eletrosul, Ronaldo Custódio, que pertence ao grupo Eletrobrás, empresa que participa do consórcio responsável pela usina de Jirau. Ele explica que esse prejuízo é dividido em duas partes, sendo R$ 1 milhão diário para manter a infraestrutura e os empregados no canteiro de obras, e R$ 5 milhões por dia que a energia deixará de ser vendida, quando a hidrelétrica começar a produzir.
Negociação
O presidente do Sticcero, Anderson Machado, aguarda uma resposta das empresas para uma primeira rodada de negociações e diz que o movimento segue por tempo indeterminado. “Os trabalhadores formaram uma comissão de abordagem em pontos estratégicos para convidar os colegas a aderirem ao movimento. A manifestação é pacífica e a adesão ao movimento grevista é satisfatória. Todas as atividades nos canteiros de obras estão paralisadas”, disse.
O presidente da CUT/RO, Itamar Ferreira, explica que a intenção do movimento grevista é conseguir igualar o piso salarial dos operários em Porto Velho aos valores praticados nos grandes Estados. “Não é só porque estamos na Amazônia e fora do eixo que temos que nos sujeitar aos baixos salários e condições precárias de trabalho”, disparou.
Está marcada para hoje uma reunião entre representantes do Sticero e uma Comissão de Intermediação do Ministério Público do Trabalho.
segunda-feira, 31 de agosto de 2009
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
Artigo Uma outra visão para a Amazônia
Sexta-Feira, 31 de Julho de 2009
Uma outra visão para a Amazônia
Washington Novaes
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090731/not_imp411301,0.php
Já há algumas décadas, dizia um diplomata, numa assembleia da ONU, que "cada vez que morre um velho chefe de um grupo étnico na África é como se desaparecesse uma biblioteca com todos os valiosos conhecimentos de uma cultura" - porque nelas, como nas nossas culturas indígenas que não têm linguagem escrita, o chefe é o que mais sabe, o que conhece a história do povo, seus costumes e tradições, seus conhecimentos sobre a natureza que os cerca. Imagine-se, então, a perda cultural sofrida pelo Brasil, onde só no século 20 desapareceram mais de cem línguas indígenas. E hoje, só na Amazônia, estão ameaçadas de extinção 21% das línguas, muitas delas faladas apenas por um número reduzido de pessoas (Agência Fapesp, 17/7). Por isso - concluiu um grupo de discussão na 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Manaus - é indispensável formular uma política linguística para o País, que esteja voltada também para a ciência, dadas as implicações para mais de 225 etnias, somente na Amazônia e nos Estados confinantes.
Só no Estado do Amazonas, informou-se nessa discussão, há mais de 50 etnias, a maioria com menos de cem indivíduos e baixa taxa de transmissão de conhecimentos tradicionais para as novas gerações (em algumas, taxa zero). No Pará são 26 etnias, com um número de línguas equivalente ao de todos os países da Europa Ocidental. Em Roraima são 61 povos. Na cidade de Manaus vivem pessoas de 40 etnias diferentes. E não se sabe exatamente quantos grupos ainda vivem isolados, sem contato com outras culturas. A própria Funai admite que possa haver mais de 60, que somariam seus componentes aos outros 460 mil indígenas (0,25% da população nacional) reconhecidos.
Mergulhados em muitos dramas, os indígenas têm hoje uma taxa de suicídio oito vezes maior que a média nacional, diz o Distrito de Saúde Indígena do Alto Solimões (fora assassinatos, que vitimaram 60 índios no ano passado). Causa: "crise de identidade" em razão do contato fora de suas culturas - o índio deixa de ter como viver à maneira tradicional e não tem qualificação para se inserir no mundo externo. E a situação tende a se agravar: 48 obras do PAC na Amazônia - disse o bispo Erwin Krautler, do Conselho Indigenista Missionário - ameaçam terras indígenas, principalmente hidrelétricas, além de outras no Tocantins e das próprias obras de transposição de águas do Rio São Francisco. E pouco se resolverá enquanto não se avançar na discussão do Estatuto dos Povos Indígenas, que inclui exploração de minérios e outros itens em suas terras, e na regulamentação de seus direitos na área do acesso aos recursos da biodiversidade, recursos genéticos, etc. Mas, não bastassem os problemas conhecidos, tem-se agora no Congresso proposta de emenda constitucional que retira da Funai e do Executivo a atribuição de demarcar terras indígenas.
Essa discussão levou um índio, num fórum recente, a perguntar: "Quem descobriu o Brasil? O PAC ou o índio?" E um professor universitário relembrou o ensinamento do extraordinário antropólogo Claude Lévi-Strauss: por que os índios brasileiros não massacraram os portugueses recém-chegados? Estes eram dezenas de indivíduos e os índios, milhões; mas eles trataram os recém-chegados (entre eles assassinos, ladrões, etc.) como fidalgos, porque nas culturas do índio está sempre prevista a chegada do outro - e o outro é o limite da liberdade de cada indivíduo, nessas culturas em que não há delegação de poder e ninguém dá ordens a ninguém.
Todo esse contexto torna importante o conhecimento de obras como Awapá - Nosso Canto, em que as professoras Lila Rosa S. Ferro e Jaqueline Medeiros de França relatam os cantos, a língua e outros ângulos da cultura yawalapiti (Alto Xingu), que elas mesmas ajudam a recuperar num belo trabalho, após a constatação de que apenas oito indivíduos ainda falavam a língua originária. Ou Índios do Tocantins, do professor Orlando Sampaio Silva, que relata "a turbulência do contato e sua ressonância na construção identitária dos povos".
Da mesma forma, desperta muita esperança a criação do Museu da Amazônia, também discutida na reunião da SBPC. O próprio conceito básico dessa instituição - "Viver juntos" -, apoiada pelo governo do Amazonas e coordenada pelo professor Ennio Candotti, ex-presidente da SBPC, demonstra os rumos básicos pretendidos: não só reunir acervos arqueológicos, antropológicos e de outras áreas científicas, mas buscar a convivência com as culturas amazônicas e com a biodiversidade das várias regiões desse bioma. Será também um "museu de território", implantado na Reserva Ducke (100 km2, ao lado de Manaus), que pretende oferecer ao visitante uma percepção sensorial ("Como eu vejo o macaco? Como o macaco me vê?"), visão das culturas amazônicas e muito mais, além dos laboratórios de pesquisa, oficinas educacionais, redes de trilhas, etc.
Tudo isso tem extraordinária importância. Como pergunta o escritor Márcio Souza: onde está a visão das culturas populares que permitiu manter a floresta em pé durante séculos? Onde está o seu conhecimento - e não apenas o seu folclore? Esse conhecimento é fundamental no momento em que se começa a discutir uma estratégia para a Amazônia, que não seja fundada só nos interesses econômicos, políticos e sociais externos (de outras regiões do País e do exterior). E no momento em que a conservação da Amazônia está no centro das discussões sobre a própria sorte do planeta, em razão do clima e da crise de recursos naturais.
A Amazônia não pode continuar a ser vista apenas como local da geração de commodities e de outros itens exportáveis para países que não querem arcar com seus custos ambientais e sociais. Nem como desaguadouro de problemas sociais internos, que se traduzem em levas migratórias (para trabalhar com a borracha, em garimpos, em assentamentos da reforma agrária, etc.). Precisa e merece mais.
Washington Novaes é jornalista
Uma outra visão para a Amazônia
Washington Novaes
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090731/not_imp411301,0.php
Já há algumas décadas, dizia um diplomata, numa assembleia da ONU, que "cada vez que morre um velho chefe de um grupo étnico na África é como se desaparecesse uma biblioteca com todos os valiosos conhecimentos de uma cultura" - porque nelas, como nas nossas culturas indígenas que não têm linguagem escrita, o chefe é o que mais sabe, o que conhece a história do povo, seus costumes e tradições, seus conhecimentos sobre a natureza que os cerca. Imagine-se, então, a perda cultural sofrida pelo Brasil, onde só no século 20 desapareceram mais de cem línguas indígenas. E hoje, só na Amazônia, estão ameaçadas de extinção 21% das línguas, muitas delas faladas apenas por um número reduzido de pessoas (Agência Fapesp, 17/7). Por isso - concluiu um grupo de discussão na 61ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), em Manaus - é indispensável formular uma política linguística para o País, que esteja voltada também para a ciência, dadas as implicações para mais de 225 etnias, somente na Amazônia e nos Estados confinantes.
Só no Estado do Amazonas, informou-se nessa discussão, há mais de 50 etnias, a maioria com menos de cem indivíduos e baixa taxa de transmissão de conhecimentos tradicionais para as novas gerações (em algumas, taxa zero). No Pará são 26 etnias, com um número de línguas equivalente ao de todos os países da Europa Ocidental. Em Roraima são 61 povos. Na cidade de Manaus vivem pessoas de 40 etnias diferentes. E não se sabe exatamente quantos grupos ainda vivem isolados, sem contato com outras culturas. A própria Funai admite que possa haver mais de 60, que somariam seus componentes aos outros 460 mil indígenas (0,25% da população nacional) reconhecidos.
Mergulhados em muitos dramas, os indígenas têm hoje uma taxa de suicídio oito vezes maior que a média nacional, diz o Distrito de Saúde Indígena do Alto Solimões (fora assassinatos, que vitimaram 60 índios no ano passado). Causa: "crise de identidade" em razão do contato fora de suas culturas - o índio deixa de ter como viver à maneira tradicional e não tem qualificação para se inserir no mundo externo. E a situação tende a se agravar: 48 obras do PAC na Amazônia - disse o bispo Erwin Krautler, do Conselho Indigenista Missionário - ameaçam terras indígenas, principalmente hidrelétricas, além de outras no Tocantins e das próprias obras de transposição de águas do Rio São Francisco. E pouco se resolverá enquanto não se avançar na discussão do Estatuto dos Povos Indígenas, que inclui exploração de minérios e outros itens em suas terras, e na regulamentação de seus direitos na área do acesso aos recursos da biodiversidade, recursos genéticos, etc. Mas, não bastassem os problemas conhecidos, tem-se agora no Congresso proposta de emenda constitucional que retira da Funai e do Executivo a atribuição de demarcar terras indígenas.
Essa discussão levou um índio, num fórum recente, a perguntar: "Quem descobriu o Brasil? O PAC ou o índio?" E um professor universitário relembrou o ensinamento do extraordinário antropólogo Claude Lévi-Strauss: por que os índios brasileiros não massacraram os portugueses recém-chegados? Estes eram dezenas de indivíduos e os índios, milhões; mas eles trataram os recém-chegados (entre eles assassinos, ladrões, etc.) como fidalgos, porque nas culturas do índio está sempre prevista a chegada do outro - e o outro é o limite da liberdade de cada indivíduo, nessas culturas em que não há delegação de poder e ninguém dá ordens a ninguém.
Todo esse contexto torna importante o conhecimento de obras como Awapá - Nosso Canto, em que as professoras Lila Rosa S. Ferro e Jaqueline Medeiros de França relatam os cantos, a língua e outros ângulos da cultura yawalapiti (Alto Xingu), que elas mesmas ajudam a recuperar num belo trabalho, após a constatação de que apenas oito indivíduos ainda falavam a língua originária. Ou Índios do Tocantins, do professor Orlando Sampaio Silva, que relata "a turbulência do contato e sua ressonância na construção identitária dos povos".
Da mesma forma, desperta muita esperança a criação do Museu da Amazônia, também discutida na reunião da SBPC. O próprio conceito básico dessa instituição - "Viver juntos" -, apoiada pelo governo do Amazonas e coordenada pelo professor Ennio Candotti, ex-presidente da SBPC, demonstra os rumos básicos pretendidos: não só reunir acervos arqueológicos, antropológicos e de outras áreas científicas, mas buscar a convivência com as culturas amazônicas e com a biodiversidade das várias regiões desse bioma. Será também um "museu de território", implantado na Reserva Ducke (100 km2, ao lado de Manaus), que pretende oferecer ao visitante uma percepção sensorial ("Como eu vejo o macaco? Como o macaco me vê?"), visão das culturas amazônicas e muito mais, além dos laboratórios de pesquisa, oficinas educacionais, redes de trilhas, etc.
Tudo isso tem extraordinária importância. Como pergunta o escritor Márcio Souza: onde está a visão das culturas populares que permitiu manter a floresta em pé durante séculos? Onde está o seu conhecimento - e não apenas o seu folclore? Esse conhecimento é fundamental no momento em que se começa a discutir uma estratégia para a Amazônia, que não seja fundada só nos interesses econômicos, políticos e sociais externos (de outras regiões do País e do exterior). E no momento em que a conservação da Amazônia está no centro das discussões sobre a própria sorte do planeta, em razão do clima e da crise de recursos naturais.
A Amazônia não pode continuar a ser vista apenas como local da geração de commodities e de outros itens exportáveis para países que não querem arcar com seus custos ambientais e sociais. Nem como desaguadouro de problemas sociais internos, que se traduzem em levas migratórias (para trabalhar com a borracha, em garimpos, em assentamentos da reforma agrária, etc.). Precisa e merece mais.
Washington Novaes é jornalista
domingo, 2 de agosto de 2009
AMAZON WATCH DENUNCIA VIOLAÇÃO DE DIREITOS NO MADEIRA...
Sexta-feira, 31 de Julho de 2009
Uma história trágica se repete no Rio Madeira.
Christian Poirier, Amazon Watch Brazil Program Coordinator
As hidrelétricas do Rio Madeira foram comparadas a uma “bomba atômica” pela ambientalista Telma Monteiro: "as barragens produzem o efeito arrasador de uma bomba sobre o solo, enviando ondas de destruição na Amazônia com as ocupações de terra e vasto desmatamento propagando um furioso desequilíbrio ambiental. A Amazônia é frágil e basta um único mega- projeto para desencadear e propagar a destruição”.
Uma história trágica se repete no Rio Madeira.
Christian Poirier, Amazon Watch Brazil Program Coordinator
As hidrelétricas do Rio Madeira foram comparadas a uma “bomba atômica” pela ambientalista Telma Monteiro: "as barragens produzem o efeito arrasador de uma bomba sobre o solo, enviando ondas de destruição na Amazônia com as ocupações de terra e vasto desmatamento propagando um furioso desequilíbrio ambiental. A Amazônia é frágil e basta um único mega- projeto para desencadear e propagar a destruição”.
sexta-feira, 31 de julho de 2009
FÓRUM AMAZÔNIA OCIDENTAL... blogando pela sustentabilidade da VIDA!
Caras e Caros construtor@s da Amazônia possível...
Bem vind@s a este espaço do Fórum Amazônia Ocidental!
Pretende-se pela comunicação, divulgação de idéias, ações e reflexões, contribuir para a construção de fato e de direito da Amazônia possível, considerando a diversidade de povos, comunidades tradicionais, ecossistemas, rios e florestas...
Defendemos a Cidadania plena na e da Floresta... a FLORESTANIA...
Vivemos nos campos e nas cidades, embebidos pela FLORESTA que grita por Vida!
A construção deste espaço é coletivo, pois assim é a vida dos povos amazônicos...
Participe! dê sua opinião, escreva, vamos divulgar as atividades que parecem ser insignificantes, nos lugares insignificantes e que promovem a Vida e a Justiça sócio-ambiental...
Bem vind@s a este espaço do Fórum Amazônia Ocidental!
Pretende-se pela comunicação, divulgação de idéias, ações e reflexões, contribuir para a construção de fato e de direito da Amazônia possível, considerando a diversidade de povos, comunidades tradicionais, ecossistemas, rios e florestas...
Defendemos a Cidadania plena na e da Floresta... a FLORESTANIA...
Vivemos nos campos e nas cidades, embebidos pela FLORESTA que grita por Vida!
A construção deste espaço é coletivo, pois assim é a vida dos povos amazônicos...
Participe! dê sua opinião, escreva, vamos divulgar as atividades que parecem ser insignificantes, nos lugares insignificantes e que promovem a Vida e a Justiça sócio-ambiental...
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