sexta-feira, 11 de setembro de 2009

OBRAS DO PAC EXTERMINAM PEIXES NO RIO MADEIRA... insegurança alimentar no beiradão

Ribeirinhos dizem que peixes estão desaparecendo do rio Madeira por conta da construção das usinas - 10/09/2009

Fonte: Rondoniaovivo.com
http://www.amazonia.org.br/noticias/noticia.cfm?id=327207

Membros da comunidade ribeirinha que vivem as margens do rio Madeira, entre as construções das Usinas de Santo Antônio e Jirau, em contato com a reportagem do Rondoniaovivo.com disseram que peixes tradicionais do rio Madeira, como Mandi, Pacu e Bico de Pato estão desaparecendo e prejudicando o modo de vida daquela comunidade.

O pescador Álvaro Pires Pinto, que não quis ter sua imagem divulgada, com medo de represálias, informou aos repórteres do Rondoniaovivo.com que pesca há muito tempo nas proximidades da antiga cachoeira de Santo Antônio e percebeu a mudança radical que tomou conta do habitat natural da localidade com a escassez de pescado.

“Quando não tinha essa construção das usinas muitos pescadores conseguiam bastante peixes e distribuíam para toda a comunidade daqui do ribeirinho. Hoje, nem na boca da noite, quando o tempo está mais tranqüilo para pesca, a gente não consegue nada. Afetou muito nossa vida, pois vivemos e comemos da pesca. Sem peixe, não sabemos o que fazer”, disse Álvaro.

Para os pescadores da beira do rio Madeira a degradação ambiental que pode resultar no desaparecimento de várias espécies de pescado está ligada as explosões e implosões que ocorrem nos canteiros de obras das usinas, o que acaba afetando o ecossistema.

“O engraçado é que no início deste mês de setembro, o Ministério da Pesca lançou uma campanha, incentivando o consumo de pescado na mesa do brasileiro, mas mal sabe o Ministério sobre a escassez de peixe no rio Madeira”, disse um morador tradicional de Porto Velho, o policial civil federal aposentado Luiz Gonzaga.

PROSTITUIÇÃO

Outros ribeirinhos e pescadores das localidades de Santo Antônio e Jirau, denunciaram um segundo problema, sendo este, sobre a violência e prostituição que vem ocorrendo em ambas as construções das usinas que está trazendo medo para as comunidades que viviam tranqüilas em meio a natureza.

“Ninguém fala nada e nem comenta, mas são coisas como essas que estão acontecendo por causa das construções. A prostituição toma conta em alguns pontos, pois criou-se um comércio de sexo para atender gente que trabalha nessas obras. Não tô falando nenhuma novidade, pode mandar as autoridades visitar as comunidades”, disse um morador, que pediu para não ser identificado.

MAPEAMENTO

Em contato com a Coordenadoria de Educação Ambiental do Estado de Rondônia, a reportagem foi informada que na quarta-feira (09) técnicos da Caerd (Companhia de Águas e Esgotos de Rondônia) e da SEDAM (Secretaria de Desenvolvimento Ambiental de Rondônia) realizaram uma reunião para discutir com os ribeirinhos sobre a pesca predatória. No entanto, na manhã desta quinta-feira (10) os Coordenadores de Educação Ambiental se reuniram com a comunidade do Bate-Estaca,onde pretendem fazer um levantamento ambiental na área e depois será elaborado um plano de ação para comunidade, com um mapeamento.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

OBRAS DO PAC PARALISADAS POR GREVE DE TRABALHADORES...

Pelo menos cinco mil trabalhadores das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, no rio Madeira, em Porto Velho (RO) entraram ontem (09) no segundo dia de greve geral com um reforço de mais 300 operários que trabalham na construção do Centro Político Administrativo de Rondônia, em obras do governo do Estado, da prefeitura e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal.

Carpinteiros, pedreiros, ajudantes, ferreiros e eletricistas reivindicam aumento salarial de até 50% e melhores, condições de trabalho, transporte, alimentação, segurança e assistência em saúde e familiar. De acordo com os grevistas os salários estão defasados e as horas extras não estão sendo pagas, nem o salário-família.

A mobilização dos trabalhadores por melhores salários e condições de trabalho ocorre praticamente desde o início do ano, mas o movimento grevista foi deflagrado na terça-feira (8). O movimento dos trabalhadores é articulado pelo Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil de Rondônia (Sticcero) e tem o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT/RO).

“Eu vim de Belém, onde fui contratado, tivemos promessa de que nossos salários seriam aumentados com o tempo e que receberíamos o salário-família, mas até hoje nada”, disse o carpinteiro Jonas Lima, que trabalha para a Camargo Corrêa na construção da usina de Jirau.

Para cada dia de obra parada cada canteiro de obra acumula um prejuízo diário de R$ 500 mil. A paralisação em outras obras também estaria gerando um prejuízo de R$ 500 mil por dia, afirma o presidente do Sindicato da Construção Pesada do Estado de Rondônia (Sinicon), Renato Lima, que também representa as empresas construtoras das usinas nas negociações com os trabalhadores. O Sinicon entrou ontem com uma ação na Justiça para questionar a legalidade da greve e para validar o dissídio dos trabalhadores.

O prejuízo da greve pode chegar a R$ 6 milhões/dia, segundo o diretor da diretor da Eletrosul, Ronaldo Custódio, que pertence ao grupo Eletrobrás, empresa que participa do consórcio responsável pela usina de Jirau. Ele explica que esse prejuízo é dividido em duas partes, sendo R$ 1 milhão diário para manter a infraestrutura e os empregados no canteiro de obras, e R$ 5 milhões por dia que a energia deixará de ser vendida, quando a hidrelétrica começar a produzir.

Negociação
O presidente do Sticcero, Anderson Machado, aguarda uma resposta das empresas para uma primeira rodada de negociações e diz que o movimento segue por tempo indeterminado. “Os trabalhadores formaram uma comissão de abordagem em pontos estratégicos para convidar os colegas a aderirem ao movimento. A manifestação é pacífica e a adesão ao movimento grevista é satisfatória. Todas as atividades nos canteiros de obras estão paralisadas”, disse.

O presidente da CUT/RO, Itamar Ferreira, explica que a intenção do movimento grevista é conseguir igualar o piso salarial dos operários em Porto Velho aos valores praticados nos grandes Estados. “Não é só porque estamos na Amazônia e fora do eixo que temos que nos sujeitar aos baixos salários e condições precárias de trabalho”, disparou.

Está marcada para hoje uma reunião entre representantes do Sticero e uma Comissão de Intermediação do Ministério Público do Trabalho.